segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Fontes históricas - Proceso Inquisitorial del cacique de Tetzcoco

Proceso Inquisitorial del cacique de Tetzcoco
 
 
Esta fonte trata do processo inquisitorial do cacique de Tetzcoco, Don Carlos Ometochtzin. Ele foi acusado de idolatria em 1539 pelo Inquisidor Apostólico e Primeiro Bispo do México, Don Juan de Zumárraga.
 
Documento digitalizado e disponível aqui.

Crônicas Coloniais - El primer nueva corónica y buen gobierno

El primer nueva corónica y buen gobierno, Felipe Guaman Poma de Ayala


Obra completa de Felipe Guaman Poma de Ayala disponibilizada aqui.

A obra trata do ponto de vista do mestiço Guaman Poma de Ayala acerca dos povos indígenas pré-incaicos, incaicos e também aborda suas opiniões sobre a conquista e colonização espanhola do Peru. Guaman Poma é bastante crítico à administração espanhola e, apesar de se guiar por valores cristãos, defende as sociedades indígenas pré-incaicas como modelos harmônicos de governança.

Bibliografia sobre o autor e obra:

AYBAR-RAMÍREZ, María Dolores. O Éden americano de Guaman Poma. Anais do XI Congreso Internacional da Abralic [online]. São Paulo, 2008.

PASSALACQUA-ESTREMADOYRO, W. Jorge. Cosmología y supervivencia en las crónicas de Felipe Guamán Poma de Ayala. McGill University, Montreal, 1996.

BERTAZONI, Cristina. Representações do Antisuyu em El Primer Nueva Corónica y Buen Gobierno de Felipe Guaman Poma de Ayala. Rev. hist. [online]. 2005, n.153, pp. 117-138. ISSN 0034-8309.

OLIVEIRA, Susane Rodrigues de. As representações de Mama Huaco na crônica de Felipe Guamán Poma de Ayala (1616) sobre os Incas. In: STEVENS, Cristina; BRASIL, Katia Crisitina Tarouquella; ALMEIDA, Tânia Mara Campos de; ZANELLO, Valeska. (Org.). Gênero e Feminismos: convergências (in)disciplinares. Brasília: Ex Libris, 2010b, v. , p. 105-116.

Tradições Nativas no Mundo Pós-Conquista (Obra acadêmica digitalizada)

Resumo: Este volume consiste em artigos da conferência da Dumbarton Oaks realizada em 1992, marcando os quinhentos anos da chegada dos europeus à América. Ao dirigir as atenções para as respostas indígenas em relação à invasão espanhola, aos ajustes culturais e as negociações que este evento requiriu, os editores e autores deste volume esperam que um melhor entendimento acerca dos aspectos culturais que fizeram as sociedades nativas tão resilientes seja alcançado.

Observação: A obra está em inglês.

Link: http://www.doaks.org/publications/doaks_online_publications/BONT.html

Teses e Dissertações I

Seguem links para Teses e Dissertações produzidas no Brasil na área de História da América (América pré-colombiana e período da Conquista).

* Substâncias da idolatria: as medicinas que embriagam os índios do México e Peru em histórias dos sécs. XVI e XVII

Autor: Alexandre Camera Varella.

Local: Universidade de São Paulo (USP).

Resumo: Pela abordagem da história cultural, analisamos visões e políticas em torno dos costumes indígenas com psicoativos (bebidas alcoólicas, estimulantes e alucinógenos), por meio da leitura de tratados produzidos entre meados do século XVI e XVII no mundo hispanoamericano. São histórias sobre os antigos mexicanos e peruanos, bem como sobre seus descendentes, nos vice-reinos da Nova Espanha e Peru. Os costumes com substâncias foram retidos como elementos essenciais da idolatria (a falsa religião dos índios); além de usadas em cerimônias e feitiçarias, algumas plantas e poções seriam inclusive adoradas como divindades. Dividimos os capítulos por contextos e grupos de obras/autores: (i) para o contexto geral de consolidação do império espanhol na América, analisamos o dominicano Bartolomé de las Casas e o jesuíta José de Acosta; (ii) para os tempos dos missionários mendicantes na Nova Espanha do séc. XVI, o franciscano Bernardino de Sahagún e o dominicano Diego Durán; (iii) para a época de auge da extirpação da idolatria no séc. XVII, os curas Hernando Ruiz de Alarcón e Jacinto de la Serna na Nova Espanha, e o jesuíta Pablo Joseph de Arriaga no Peru; (iv) analisamos o cronista indígena peruano Felipe Guaman Poma de Ayala na virada dos sécs. XVI-XVII. Outras fontes foram utilizadas, destacando-se os tratados sobre as medicinas dos índios escritos pelos doutores espanhóis Nicolas Monardes, Francisco Hernández e Juan de Cárdenas, assim como de um médico indígena mexicano, Martín de la Cruz. Os principais assuntos discutidos: os juízos de proveito das medicinas que embriagam; os sentidos do vício por meio das substâncias, entre hábito contranatural e veículo para os pecados; a noção de perda do juízo como efeito natural da embriaguez, mas que abre espaço para a intervenção demoníaca; representações dos usos nos sacrifícios, comunhões, feitiçarias, e a idolatria de plantas e poções. Esses assuntos são analisados tendo em vista que a idolatria não informa apenas o estereótipo e o caminho da interdição dos costumes, pois, de outro lado, nomeia os saberes e poderes locais e sua vitalidade, num ambiente de choques, negociações e acomodações político-culturais.

Palavras-Chave: História da América; Idolatria; Medicina; Psicoativos; Religião.






* Guerra e antropofagia em Jean de Léry e Claude D'Abbeville: dos fragmentos míticos ao código compartilhado

Autor: Juliana Fujimoto.

Local: Universidade de São Paulo (USP).

Resumo: Os fragmentos míticos tupinambá sobre a origem da guerra presentes nas obras de Jean de Léry e de Claude d'Abbeville constituem fontes privilegiadas para analisarmos tanto a tradução européia da alteridade indígena, a partir do enfoque naqueles que foram classificados dentre os piores costumes indígenas - a guerra e a antropofagia -; quanto uma possível re-fundação nativa da guerra e da antropofagia a partir das novidades conhecidas desde o encontro com a alteridade européia. Isso porque esses registros contêm elementos do cristianismo professado pelos europeus com os quais os nativos tiveram contato, assim como elementos da leitura tupinambá, em termos míticos, da alteridade européia. Nesse sentido, essas narrativas podem ser compreendidas também como códigos construídos e compartilhados por europeus e indígenas desde o encontro entre essas populações. No contexto estudado é a linguagem da religião cristã que constitui o principal instrumento de mediação na comunicação entre europeus (sobretudo, os missionários) e indígenas e de tradução da alteridade americana para a cultura européia. Dessa forma, nesse trabalho, tentaremos analisar os registros de Léry e de d'Abbeville sobre o início das guerras inter-tribais, tendo em vista o fato destes constituírem uma tradução da guerra e da antropofagia indígena para o público europeu, assim como um possível código construído e compartilhado entre indígenas e europeus, no contexto das relações entre franceses e indígenas (Léry) e no contexto da relação entre indígenas e missionários jesuítas (d'Abbeville).

Palavras-Chave: Antropofagia; Brasil colonial; Códigos Compartilhados; Guerra; Tradução religiosa; Tupinambá.

Link: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-08072008-150022/pt-br.php

* Histórias esquecidas : discursos de unificação dos Andes pré-colombianos

Autor: David Fernando Nogueira da Silva.
 
Local: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar e entender como se deu o processo de unificação da multicultural região andina em tomo da celebração da memória do período Incaico. Analisam-se aqui dois momentos diferentes da unificação: primeiro nas crônicas, quando a chancela "idólatra" acaba por se tomar o adjetivo comum a todos, e depois na leitura que foi feita dessas crônicas, quando o multiculturalismo foi esquecido e ocorreu o deslizamento de um termo unificador pejorativo - o idólatra - para um outro que trazia em si a idéia de um mundo feliz e civilizado que fora corrompido pelo elemento exógeno - Inca.

Palavras-Chave: Incas - Historia , Multiculturalismo - Peru , Pluralismo - Historia , Indios da America do Sul - Cultura.

Link: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000288020

* Dos livros adivinhatórios aos códices coloniais : uma leitura de representações pictográficas mesoamericanas 

Autor: Glaucia Cristiani Montoro.

Local: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Resumo: Como objetivo geral, nesta dissertação, analisamos documentos mexicanos de tradição indígena, os códices, enfocando um tipo específico destes manuscritos, os chamados Teoamoxtli. Centramos o estudo em dois documentos, selecionados em períodos distintos da história dessa região: um deles, o Códice Bórgia, foi confeccionado no período pré-hispânico e o outro, o Códice Telleriano Remensis, em meados do século XVI, ou seja, depois da invasão européia, durante o período colonial. Para que a análise fosse viável, pois se tratam de documentos extremamente complexos, delimitamos ainda, um assunto deste tipo de códice, o "capítulo" que se convencionou a chamar Trecenas, que são as subdivisões de um dos calendários mesoamericanos. Optamos por uma abordagem diferente daquelas comumente utilizadas, observando o que podemos chamar de características artísticas. Analisamos os códices individual e comparativamente, detectando elementos similares e distintos entre eles, sempre dialogando com a história dos povos em questão. Assim, a partir dos elementos observados, pudemos formular hipóteses e questionamentos sobre tais documentos, sua forma de confecção, aspectos sociais e as modificações sofridas. Partimos, primeiramente, de estudos bibliográficos, consultando cronistas e historiadores de forma a obter uma visão de conjunto daquelas sociedades e as modificações por que passaram ao longo do século XVI, assim como conhecer aspectos ligados aos códices. No primeiro capítulo desta dissertação o leitor é situado no contexto histórico, nos aspectos relevantes a esta pesquisa, enquanto no segundo capítulo expusemos alguns conhecimentos específicos destas sociedades, tais como os sistemas calendáricos, os livros e o sistema de escrita, apresentação dos códices estudados, do assunto analisado nos documentos e seus elementos constituintes, dentre outros pontos relevantes. No terceiro capítulo realizamos a análise, estruturada a partir de três aspectos gerais, selecionados na observação dos livros: o desenho, a ordem de leitura e a organização do espaço. Analisamos os documentos observando estes três aspectos e detectamos uma série de características, algumas comuns aos dois códices e outras particulares. Na análise do desenho encontramos diversas características comuns e outras tantas diferenciadoras. As características similares identificadas nos dois códices, tais como a elaboração coletiva e por tlacuiloque (pintores/escribas) com habilidades técnicas em formação, a existência de esboços, dentre outras, assinalam continuidades de vários dos procedimentos e técnicas de confecção do período pré-hispânico e caracterizam a permanência de aspectos da organização do trabalho e provavelmente de alguns métodos de aprendizagem. Entre as características diferenciadoras estão o desconhecimento do tonalamatl (livro dos destinos) por parte dos tlacuiloque que confeccionaram o Códice Telleriano Remensis, o que não devia ocorrer com os tlacuiloque do Códice Bórgia, a perda do monopólio sobre a atividade de tlacuiloque ou pintor por parte das elites indígenas durante o período colonial, assim como a queda de status sofrida pelos indivíduos que exerciam esta atividade depois da invasão européia. Nas análises do sentido de leitura e organização do espaço, verificamos principalmente, que o Códice Telleriano Remensis possui características que o diferencia enormemente do Códice Bórgia. Assim, observamos: que sua encadernação limita a visualização do assunto estudado, causando uma certa descontinuidade; que sua concepção visa promover uma valorização da imagem dos deuses em detrimento da mensagem que eles carregam; que sua confecção foi direcionada para atender a um usuário europeu ou, ao menos, tendo em vista características ocidentais; e que este códice desvinculou-se da função original destes manuscritos, passando a servir a outros propósitos. Desta forma, concluímos que as modificações ocorridas no Telleriano, e outros códices coloniais, não estão inseridos somente nos contextos estético e técnico, mas inclusive ligadas à função destes documentos na situação colonial.

Palavras-Chave: Pictografia mexicana , Indios da America Central - Escrita , Indios do Mexico , Astecas - Escrita.

Link: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000217800

Textos Didáticos de História da América

Apostila desenvolvida pelo Laboratório de Ensino de História da Universidade Estadual de Londrina contendo breves e didáticos artigos acerca de História da América pré-colombiana e da Conquista européia do "Novo Mundo".

Material digitalizado e disponível em PDF aqui.

Mapas da Conquista da América

Mapas acerca da Conquista da América pelos europeus. São interessantes pois possibilitam a visualização deste processo ao longo do tempo.

Mapa das principais expedições de conquista e exploração feitas pelos espanhóis no século XVI. (Fonte: http://www.kalipedia.com/popup/popupWindow.html?tipo=imagen&titulo=La+conquista+de+Am%E9rica&url=/kalipediamedia/historia/media/200707/12/hisespana/20070712klphishes_29_Ees_LCO.png&popw=524&poph=614)

Mapa que demonstra os territórios ocupados pelos europeus ao longo dos séculos XVI a XVIII. (Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjJajFZML8jtljS8TVU28ZQBmZQC2tHAPe1WDs2qXJmK3Do6URGpBd0Mr6G3X79WwC0RkqZQ0cXnH17yRaf5DIkbhvWDJ20_kD0NmPFVCWbV3sL3hVmmV4nUR_hwjjC2kePY_Fxn-qh2s/s1600/Imagem11.jpg)

Mapa dos territórios americanos conquistados por espanhóis e portugueses no século XVI. Apresenta também as cidades fundadas por estes povos europeus. (Fonte: http://iris.cnice.mec.es/kairos/temas/img/mapa_desplaza20b.gif)

Mapa que representa a conquista da América. Contém territórios de alguns povos ameríndios e rotas dos principais conquistadores e exploradores europeus. (Fonte: http://iris.cnice.mec.es/kairos/temas/img/mapa_catastrofes3b.gif)

Mapas de Povoamento das Américas

Seguem alguns mapas que nos ajudam a visualizar as rotas migratórias humanas para as Américas.

Prováveis rotas de povoamento das Américas. (Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwpCi-ABaPEvmaxVdj_U9IF8CVHshTzkbehMfnUWRPawlE09g2qLshHbSOgTl2O2ejE2gY14vzEY7qfyedSlQyGB6IVZN9UM-iRaZiW9RAYZjfkPqwxkvGycwDSke1oTbx_xw7Dfqb_q0/s1600/mapa.jpg)


Grupos étnicos que povoaram as Américas. (Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizALXed22EqebxOM7p046kHw3xjjzn3v-dHP_usWMPL5T6zNJRfXiIp9kBxskSWbUvyjoejx-4VBGtwHgLAOllXf4B0JSxbNzPItqBqD2JRdP0YP_uR5M0Z_YQxF1EVIb8bGaTsYTjtsBR/s1600/povoamento_ame.jpg)

Mapa com dados acerca dos mais antigos fósseis humanos já encontrados no mundo. (Fonte: http://www.flickr.com/photos/bldgblog/2398034248/sizes/o/)
E, por último, um interessante mapa da migração humana feito pela national geographic disponível para download aqui.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Civilizações Secretas - Incas, a Construção de um Império

 Documentário exibido pelo canal Odisea acerca da civilização Inca. Dividido em cinco partes no youtube:



Sinopse: O nascimento e desenvolvimento das civilizações Inca, Maia e Azteca estão envoltas de lenda e mistério. Com uma história e costumes claramente diferenciados das outras civilizações, estas culturas tornaram-se em grandes impérios de notável relevância, apesar de não utilizarem o ferro para a elaboração de objectos ou, no caso dos Incas, uma língua escrita, símbolos indiscutíveis de progresso e poder para outras culturas. Os Incas construíram um império enorme na escarpada paisagem andina, os Maias estabeleceram a sua grande comunidade nas grandes selvas da América Central, enquanto os Azetecas criaram o seu povoado numa ilha no meio de uma lagoa situada nas altas mesetas mexicanas. Estes povos criaram civilizações recorrendo às características naturais das suas terras, desenvolvendo também progressos impressionantes no campo da engenharia, escultura, agricultura, astronomia ou matemáticas. O Odisseia mergulha na história das culturas anteriores a Cristóvão Colombo através dos últimos achados surgidos de escavações recentes realizadas nas zonas habitadas por ambas as civilizações há séculos atrás, além de animações e gráficos criados por computador. Acompanhem-nos nesta viagem no tempo, na qual iremos revelar alguns dos mistérios melhor guardados destas três brilhantes e exóticas civilizações.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Teotihuacan: Cidade dos Deuses

Artigo ajuda a entender imponentes construções da maior metrópole americana do período Clássico.
Por: Leila Maria França


Quem visita hoje Teotihuacan, situada a 45 km da atual Cidade do México, admira-se ao perceber, em suas ruínas, a imponência da civilização que lá vivia. Que povo construiu monumentos tão impressionantes? Com que objetivo? Que tipo de governo conseguiu levar Teotihuacan a tamanhas proporções? E quais as causas de seu desaparecimento? Estas são algumas perguntas que os arqueólogos tentam responder, buscando um maior conhecimento sobre a influente e poderosa sociedade que habitava a chamada ‘cidade dos deuses’.

Hoje, centenas de turistas chegam ao México todos os dias para visitar as ruínas do que foi Teotihuacan – a grande metrópole americana do período Clássico (100-750 d.C). O vale de Teotihuacan é uma planície verde, cercada por duas cadeias de montanhas, em que sobressai o Cerro Gordo, ao norte da cidade.

Cravadas nesta imponente paisagem estão as duas grandes pirâmides do Sol e da Lua, visíveis de vários pontos do município de S. Juan de Teotihuacan. Ao entrar pela porta 2 da zona arqueológica, o visitante caminha alguns metros e, à subida do primeiro lance de escadas, uma surpresa: a gigantesca Pirâmide do Sol, com seus 64 m de altura, é um espetáculo de grande impacto.

Há mais ou menos seis séculos, um povo que se autodenominava mexica (os astecas) já visitava esse lugar de ruínas impressionantes, e o êxtase dos olhos exigia igualmente uma explicação, ainda que de caráter essencialmente diferente das explicações atuais: essa cidade era Teotihuacan, cujo nome significa literalmente “o lugar onde alguém se torna deus”.

As origens de Teotihuacan ainda são muito discutidas. As evidências arqueológicas indicam que o vale de Teotihuacan foi povoado muito antes da era cristã, mas os registros mais efetivos de uma sociedade estatal datam do final da fase Tzacualli (1-150 d.C.). Há mais ou menos 2.300 anos, enquanto no Velho Mundo o Império Romano estava em pleno florescimento, aqui, no continente americano, um grande número de pessoas migrava ao vale de Teotihuacan devido à erupção do vulcão Xitle, que teria destruído Cuicuilco – o então centro regional ao sul do vale do México.

Pessoas procedentes de diversas regiões e etnias chegaram a Teotihuacan atraídas pelo clima ameno da região, pela circulação de mercadorias e pelas atividades religiosas. Um levantamento da concentração cerâmica realizado pelo Projeto de Mapeamento de Teotihuacan, dirigido pelo topógrafo francês René Millon, da Universidade de Rochester, Estados Unidos, permitiu calcular a população aproximada em cada etapa do desenvolvimento da cidade. Segundo esses cálculos, durante o primeiro século da nossa era, a população atingiu 30 mil habitantes, os quais se agrupavam em bairros, de acordo com sua origem, parentesco ou ocupação.

A construção de diversos edifícios públicos, a maior parte com materiais perecíveis, revela um processo de mudanças que levou a cidade à condição de grande metrópole regional. Entre tais modificações destacam-se uma marcada divisão da sociedade, uma maior organização do trabalho agrícola e artesanal e das redes comerciais e o fortalecimento do poder estatal.

Entre tais edifícios, estavam as pirâmides do Sol e da Lua. A cidade, conforme seu plano-mestre, era dividida em quatro quadrantes, que lhe dava um aspecto semelhante a uma flor de quatro pétalas – era cortada no sentido Norte-Sul pela avenida dos Mortos (assim denominada pelos arqueólogos devido à presença de enterramentos ao longo de suas margens) e no sentido Leste-Oeste pela chamada avenida Leste-Oeste.

A Pirâmide da Lua foi erigida precisamente ao norte, alinhada com o Cerro Gordo, e tem aos seus pés o inicio da avenida dos Mortos. Ao leste desta localiza-se a Pirâmide do Sol, orientada a oeste, posição que revela a importância do culto solar dentro da religião teotihuacana. Atualmente, ao tomar a avenida dos Mortos, o visitante caminha em torno de 2, 5 km desde os limites da Zona Arqueológica, antes da Cidadela – o mais importante centro político da cidade – até à Pirâmide da Lua. No auge de Teotihuacan (300-550 d.C.), quando a Pirâmide da Lua foi construída, esta se estendia 1,5 km para além da Cidadela, em um percurso total de 4 km.

Entre 150 e 200 d.C. (fase Miccaotli), a cidade cresceu muito, atingindo quase sua extensão máxima – aproximadamente 22 km 2 – e uma população em torno de 45 mil habitantes. Nessa época foi concluída a construção das grandes pirâmides e foram levantados outros edifícios importantes, no estilo Talud-tablero, característico de Teotihuacan, que consiste em uma solução arquitetônica em que se constroem plataformas horizontais sobre uma parede inclinada para lhes dar maior sustentação. Entre tais construções, destaca-se o Templo de Quetzalcóatl – pirâmide escalonada com esculturas de serpentes emplumadas, onde foram enterradas inúmeras oferendas com guerreiros sacrificados – que encarnava o mais importante centro religioso e político da cidade.

Religião Teotihuacana

Tais construções revelam que já por essa época estavam lançadas as bases da religião teotihuacana. As civilizações da Mesoamérica – região marcada por um complexo desenvolvimento cultural, que se estende do México central até as porções ocidentais de Honduras, El Salvador e Costa Rica – tinham uma visão de mundo em que o universo estava dividido em três pisos verticais. O inframundo, que representava o mundo dos mortos e das riquezas da fertilidade; a superfície terrestre, em que viviam os homens; e o mundo celestial, em que o âmbito celeste era representado pelas pirâmides. A superfície terrestre, impregnada de elementos dos outros dois pisos, na estreita relação do homem com a morte, a fertilidade e os deuses, dividia-se à maneira de uma flor de quatro pétalas. Tal divisão era ao mesmo tempo político-administrativa (lembremos que a própria cidade era dividida em quatro quadrantes pelas avenidas principais), simbólico-religiosa e, provavelmente, relacionada aos domínios do Senhor das Tormentas. Conhecida como Tlaloc entre os astecas e como Chac entre os maias, essa divindade, segundo cronistas do período Pós-clássico, tinha originalmente um templo no cimo da gigantesca Pirâmide do Sol, ao lado de Tonacatecuhtli, o Senhor do Nosso Sustento.

Os temas centrais da religião teotihuacana eram, portanto, a água e a fertilidade. O que é compreensível tratando-se de uma sociedade com população tão numerosa, cuja manutenção dependia totalmente da benevolência da natureza e dos ‘deuses’ na fertilização dos campos geradores de alimento. Por outro lado, a ênfase em um tema religioso tão universal – o da sobrevivência – satisfazia, igualmente, as populações vindas de outras regiões que ali escolhiam viver, da mesma forma que favorecia seu controle.


Entre 200 a 400 d.C. (fase Tlamimilolpan), Teotihuacan tornou-se um enorme aglomerado urbano. Nos mesmos 22 km2, reuniu uma população em torno de 150 mil habitantes. Esse foi um período de muitas construções, sobretudo dos conjuntos multifamiliares erguidos ao redor dos eixos principais, que tinham como objetivo acomodar essa gigantesca população, organizando-a nos diversos ‘bairros’ – unidades administrativas que representavam o elemento de controle da população pelo Estado.


No interior de cada conjunto viviam famílias que compartilhavam uma mesma ocupação: algumas se dedicavam à fabricação de estuque para cobrir os edifícios, outras à de cerâmica ou pigmentos, ou ainda, ao trabalho lapidário com o jade, quartzos, concha ou ardósia. Essas famílias compartilhavam o mesmo altar doméstico e as pesquisas indicam que havia diferenças internas e que, freqüentemente, uma família se destacava no acesso à riqueza – o que pode significar uma liderança nas atividades profissionais, no culto, na ligação com o poder estatal ou, ainda, uma combinação entre esses aspectos.


Pedras Semipreciosas

Foi durante a fase Xolalpan (400-650 d.C.) que a metrópole teotihuacana atingiu seu maior esplendor: uma população de cerca de 200 mil habitantes reunia-se em uma área aproximada de 23 km2, acomodada em numerosos conjuntos habitacionais que, nessa fase, se multiplicaram para abrigar tamanha multidão. Nesse momento, foram construídos e ampliados os grandes conjuntos, conhecidos genericamente como ‘palácios’, cujas paredes estavam cobertas por belas cenas de pintura mural: Tepantitla, Atetelco, Zacuala e Yayahuala. Por toda a cidade, novas construções eram levantadas, algumas delas sobre edifícios preexistentes.

É ainda nesse período que se incrementam os contatos entre Teotihuacan e outras regiões da Mesoamérica. Na realidade, o contato com o exterior esteve presente desde a origem da cidade, mas, ao contrário das sociedades tardias do México central, Teotihuacan não foi um império. A influência que exerceu sobre outras regiões foi marcada, sobretudo, pelo comércio: Teotihuacan exportava obsidiana – um vidro vulcânico muito utilizado na confecção de adornos e, especialmente, de lâminas usadas para cortar alimentos, tecidos e outros materiais – e cerâmica cerimonial. Em troca, obtinha cerâmicas de luxo regionais, jade e outras pedras verdes, ardósia e materiais marinhos como conchas, caracóis e corais. Juntamente com seus produtos, Teotihuacan exportava também idéias religiosas de grande impacto, que influenciaram várias sociedades mesoamericanas.


O trabalho com as rochas importadas era extremamente importante na organização interna de Teotihuacan. As oficinas lapidárias estavam espalhadas por vários pontos da cidade e dividiam-se em oficinas domésticas, onde eram trabalhados os materiais menos valiosos destinados às camadas médias, e as chamadas ‘oficinas estatais’, nas quais se elaboravam objetos de luxo para fins de culto e para a elite dirigente. Um estudo que realizamos sobre a ardósia e as pedras verdes indica que as primeiras eram trabalhadas nas oficinas domésticas – com exceção dos espelhos de pirita com base de ardósia, que, segundo a historiadora Margaret H. Turner, do Colégio de Artes de Massachusetts, nos Estados Unidos, eram elaborados nas oficinas estatais, assim como o jade e as pedras verdes.


Tais matérias-primas foram essencialmente importantes tanto na movimentação do comércio quanto na representação de conceitos religiosos. Verificamos a presença de pendentes e outros adornos de ardósia em inúmeros enterramentos espa-lhados em vários pontos da cidade. Os mais ricos, no entanto, eram enterrados com espelhos de pirita e ardósia na região lombar. Outros objetos e placas de ardósia eram oferecidos junto aos mortos, com suas superfícies pintadas com motivos de listras vermelhas e chalchihuites (glifo que representa o jade) – símbolo de vida no além-túmulo – ao mesmo tempo em que se depositava uma conta de pedra verde na boca do morto para conservar sua ‘força vital’.


Nosso estudo demonstrou, ainda, que a maior parte dos jades e pedras verdes recuperados na cidade era depositada em oferendas aos deuses e aos mortos pertencentes à elite, em cerimônias realizadas em edifícios públicos, como as pirâmides do Sol e da Lua, o Templo de Quetzalcóatl e ao longo da avenida dos Mortos. Esses materiais eram os mais valiosos em tempos pré-hispânicos, devido precisamente à sua cor que recordava a riqueza da água e da fertilida-de, tão almejadas por essas populações. Na visão de mundo dos teotihuacanos, assim como de outros povos da Mesoamérica, a pedra verde era um elemento pertencente ao inframundo, mundo subterrâneo dos mortos, associado à fertilidade, que era, por natureza, ‘frio’ e ‘feminino’. Assim, os teotihuacanos tinham o costume de cobrir os objetos de jade e pedra verde com zinabre e outros pigmentos vermelhos – uma referência ao sangue, elemento quente, identificado à metade celestial do universo – para simbolizar a união das metades feminina e masculina do cosmos, considerada o princípio criador da vida. Eles acreditavam que esse procedimento atraía a fertilidade.


Os indivíduos das camadas altas da sociedade eram enterrados com suas jóias e insígnias, entre as quais figuravam os ricos adornos de orelha em forma circular que representavam o Sol, narigueiros em forma de borboleta (um símbolo solar), além de colares e braceletes de jade e outras pedras verdes.


Ainda durante a fase Xolalpan, Teotihuacan manteve uma estreita ligação com a área maia e com o golfo do México e a região de Oaxaca, relações iniciadas na fase anterior, cujos vestígios podem ser vistos, sobretudo, nos chamados ‘bairros étnicos’, como o dos Comerciantes e o Oaxaca. A presença desses bairros em Teotihuacan evidencia que a cidade era composta de grupos de diferentes origens e lugares e que o Estado lidava muito bem com os diversos costumes estabelecidos. O bairro dos Comerciantes, por exemplo, revela um padrão arquitetônico totalmente diferente daquele conhecido em Teotihuacan: seus edifícios eram circulares, alguns de adobe, e parte considerável de sua cerâmica provinha das regiões do golfo e da área maia.


Mas, ao contrário de outras civilizações da região, como a maia, a zapoteca, a mixteca ou mesmo a asteca, Teotihuacan não deixou vestígios sobre governantes e famílias dinásticas inscritas na pedra ou no papel amate (códice). A belíssima pintura mural teotihuacana exibe, sobretudo, imagens de animais e de seres fantásticos representados de forma abstrata, freqüentemente considerados divindades. Com exceção de algumas representações não realísticas que têm sido identificadas como sacerdotes e possíveis grupos de guerreiros, não há figuras propriamente humanas, nem representações de linhagens reais e nada que possa evocar a importância da instância humana ou do indivíduo no governo da cidade. A mensagem da arte teotihuacana é a ‘coletividade’, encarnada em uma estandardização artística que se refere ao conjunto da sociedade, representada, artificialmente, de forma ‘homogeneizada’.



Estado Utópico

A ausência de um único centro político na cidade (que tem pelo menos duas concentrações importantes de edifícios públicos, o conjunto das pirâmides e a Cidadela), bem como de representações de reis e linhagens, indicam, sem sombra de dúvida, que Teotihuacan não era governada por reis e sim, provavelmente, por uma junta de diversos segmentos da camada dirigente, talvez sacerdotes, que faziam representar a idéia de um ‘Estado utópico’ governado pelos deuses – precisamente aqueles vinculados à água, à fertilidade e à provisão do sustento –, aos quais os teotihuacanos ofereciam suas ricas pedras verdes. Uma ideologia que, na realidade, era um poderoso instrumento de dominação, com base no controle da mão-de-obra e do comércio regional.

Qualquer que tenha sido o tipo de governo adotado por Teotihuacan, o fato é que vários fatores combinados contribuíram para o colapso da cidade: o excesso populacional e a crescente dificuldade de manter o seu abastecimento, a excessiva exploração da população pela camada dirigente, as lutas pelo poder entre os diferentes grupos étnicos que compunham a sociedade e a descrença no poder divino de governantes cada vez mais exigentes e incapazes de conter a crise. Em algum momento entre os anos de 550 e 650 d.C, o povo teotihuacano, insatisfeito com suas condições de vida e a exploração levada ao seu limite, promoveu um incêndio gigantesco nos principais centros políticos da cidade – entre eles, a Cidadela –, destruindo altares e quebrando imagens de divindades, acelerando o processo de decadência que levou ao fim a clássica civilização teotihuacana.


O período entre 650 a 750 d. C (fase Metepec) marca o colapso final da grande metrópole, que não resistiu às contradições de seu grande crescimento, sendo gradativamente despovoada, tornando-se um lugar de populações dispersas que se distribuíram pelas suas adjacências. A visão dos centros públicos com seus majestosos edifícios impediu que essa área fosse habitada, transmitindo geração após geração uma mensagem clara: ali haviam habitado antepassados divinos que deixaram a sua ‘aura’ sagrada. Aos mortais, ainda em tempos pré-hispânicos, apenas permitia-se visitar o local para render homenagem aos seus sobrenaturais construtores. Hoje, visitantes e pesquisadores certamente não freqüentamos a Zona Arqueológica de Teotihuacan para cultuar os deuses. Mas nossa passagem por ela – seja turística ou científica – não deixa de ser um tributo ao engenho e à grandeza desses antigos habitantes da América.


Fonte: Revista Ciência Hoje. Para baixar a versão digitalizada do artigo (que inclui uma série de figuras e imagens) clique aqui.

Representações do Antisuyu em El Primer Nueva Corónica Y Buen Gobierno de Felipe Guaman Poma de Ayala

Artigo da professora Cristiana Bertazoni da Universidade de São Paulo: http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rh/n153/a06n153.pdf

Resumo: Nas crônicas escritas durante os séculos XVI e XVII no Peru, os Antis (um nome geral usado como termo coletivo para descrever uma grande variedade de grupos étnicos vivendo na parte Amazônica do império), foram representados como rebeldes, não civilizados, bárbaros e até mesmo canibais. Guaman Poma de Ayala reforça esse discurso ambos em seu texto e desenhos onde é possível ver imagens dos Antis vivendo em cavernas e ler sobre suas práticas de antropofagia. Neste pequeno artigo, será estudado o manuscrito de Guaman Poma de Ayala e sua percepcão dos Antis.

Palavras-Chave: Amazônia • Antis • Antisuyu • Fontes Históricas Indígenas • Incas • Tahuantinsuyu

Referência: BERTAZONI, Cristina. Representações do Antisuyu em El Primer Nueva Corónica y Buen Gobierno de Felipe Guaman Poma de Ayala. Rev. hist. [online]. 2005, n.153, pp. 117-138. ISSN 0034-8309.

Os índios na conquista espanhola da América: Leyes nuevas e representações à época da jornada de Omagua y Dorado

Artigo de Deise Cristina Schell, Mestranda em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos: http://www.revistahistoria.ufba.br/2010_1/a02.pdf


Resumo: O presente artigo intenta verificar quais eram os debates em torno da questão indígena e quais as representações dos índios construídas por conquistadores espanhóis em sua documentação à época de uma expedição ao interior do continente americano, conhecida como a Jornada de Omagua y Dorado (1560-1561).


Palavras-Chave: América do Sul; descoberta e exploração espanhola; Índios da América do Sul; estatuto legal, leis, etc.; Representações sociais.


Referência: SCHELL, Deise Cristina. Os índios na consquista espanhola da América: Leyes nuevas e representações à época da jornada de Omagua y Dorado. Revista de História [online]. 2010, vol. 2, n. 1, pp. 22-38.

Biblioteca Americana

A Bilioteca Americana faz parte da Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, possuindo um enorme catálogo de obras digitalizadas disponíveis para os visitantes. A temática é ampla e aborda todas as regiões das Américas e toda sua história até os dias de hoje. No entanto, é possível encontrar uma série de obras voltadas aos povos pré-colombianos e ao período da conquista do continente pelos europeus. Esta biblioteca é indispensável para aqueles que se interessam pelos estudos da América Indígena.

Link para a Biblioteca: http://bib.cervantesvirtual.com/seccion/ba/

Teotihuacan, The City of the Gods (Museu Virtual)

Teotihuacan vista da Pirâmide do Sol (Foto retirada de: http://www.differentworld.com/mexico/areas/mexico-city/guide-teotihuacan.htm)

Museu virtual de arqueologia voltado à cidade de Teotihuacan. Possui fotos de partes da cidade (Avenida dos Mortos, Pirâmide do Sol, etc.), mapas, vídeos feitos no sítio arqueológico, entre outras coisas. É uma página interessantes para aqueles que desejam conhecer um pouco mais acerca desta magnífica obra arquitetônica dos antigos habitantes da América. Este museu é fruto de uma iniciativa do Instituto Nacional de Antropologia e História do México e seu Projeto Templo de Quetzalcoatl.

Link para o Museu Virtual: http://archaeology.asu.edu/teo/INDEX.php

Museo del Templo Mayor (Museu Virtual)

Complexo do Templo Mayor em Tenochtitlán (foto retirada de: http://www.turiguide.com/tour-en-la-ciudad/centro-historico/286-templo-mayor.html)

Museu virtual de arqueologia que apresenta aos visitantes um pouco do acervo arqueológico encontrado no Templo Mayor de Tenochtitlán (hoje Cidade do México), além de trazer informações históricas acerca de rituais, sacrifícios, comércio, agricultura, entre outras atividades desenvolvidas pelo povo asteca. Tal museu é fruto do Projeto Templo Mayor, uma iniciativa do Instituto Nacional de Antropologia e História do México, que tem como objetivo central resgatar os objetos encontrados no sítio arqueológico, preservá-los, estudá-los e difundí-los.

Link para o Museu Virtual: http://archaeology.asu.edu/tm/INDEX.HTM

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A Outra Conquista (La Otra Conquista)

Filme mexicano produzido em 1998 que retrata a conquista dos Astecas pelas tropas espanholas de Hernán Cortés e o conseqüente conflito cultural entre duas civilizações extremamente diferentes. O filme acompanha a história de Topiltzin, filho ilegítimo do Imperador Montezuma e único sobrevivente do massacre do Templo Mayor de Tenochtitlán em 1520.

Trailer:


Link para a página do filme no IMDB (The Internet Movie Database): http://www.imdb.com/title/tt0175996/

Segue uma reportagem do "O GLOBO" que trata precisamente do mesmo tema que o filme, a conquista espanhola sob o ponto de vista dos astecas.

O fim dos astecas na visão indígena

Por Elisa Martins.

CIDADE DO MÉXICO - Localizadas ao lado de uma imponente catedral do século XVIII, as ruínas do que já foi o maior centro imperial asteca resistem ao tempo e à multidão que transita na Cidade do México. Pouco sobrou da chamada Tenochtitlán, fundada em 1325 pelos mexicas, ou astecas, assim conhecidos por sua origem mítica em Aztlán, povoado ao Norte do continente. Em seu esplendor, Tenochtitlán reuniu 120 mil habitantes, e dominou povos até a Guatemala. Essa hegemonia terminou em agosto de 1521, quando a expedição espanhola de Hernán Cortés, engrossada por grupos indígenas subjugados, derrubou o centro mexica. Não foi uma conquista rápida, diferentemente do que se costuma imaginar. Os nativos registraram sua resistência e o sofrimento em códices (placas em que se registravam acontecimentos) que, quase 500 anos após a queda do império, estão sendo resgatados para mostrar o outro lado dessa história.

Cortés chegou à costa mexicana em 1519 com 500 homens para exigir dos senhorios indígenas o reconhecimento à Coroa espanhola. Ali não encontrou muita resistência, mas a violência aumentou com o avanço da expedição rumo ao centro do país, onde estavam os povos mais desenvolvidos. Em Tlaxcala, o exército espanhol forçou uma aliança com os tlaxcaltecas ao se impor como nova potência bélica. Depois, em Cholula, ordenou um ataque surpresa e dominou os cholultecas. Seu maior objetivo, porém, era derrubar o império do tlatoani (governante) mexica Montezuma. Mas a primeira investida falhou.

Com os indígenas subjugados unidos à tropa, Cortés entrou na região formada pela aliança entre a capital imperial Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopán. A recepção foi pacífica, mas Cortés aprisionou Montezuma no palácio em que os espanhóis foram hospedados. Assim ficaram até meados de 1520, quando, segundo relatos dos conquistadores, eles se assustaram ao presenciar uma festividade dedicada ao deus da guerra, Huitzolopochtli, e atacaram os mexicas. Os testemunhos indígenas afirmam que o massacre foi uma estratégia para apropriar-se do ouro. Os nativos reagiram. Cortés escapou por pouco, Montezuma morreu - segundo os espanhóis, pelas mãos do próprio povo, mas de acordo com registros indígenas, assassinado por Cortés. Refugiados em Tlaxcala, os espanhóis conquistaram o apoio de mais povos descontentes com a soberania mexica. Só derrotaram Tenochtitlán um ano depois, com um exército numeroso, barcos carregados com canhões e a "ajuda" do vírus da varíola. Cuauhtémoc, o último líder asteca, foi capturado em 1525 - o fim de uma era para os índios mexicas.

- A aliança entre Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopán havia expandido seu império com a exigência de impostos aos povos conquistados, o que criou um frágil equilíbrio entre os senhorios indígenas - explicou ao GLOBO Francisco González-Hermosillo, historiador do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México. - Existem mitos de que uns poucos espanhóis conquistaram o centro imperial mexica, mas, na verdade, Cortés soube se aproveitar dessa relação delicada para aumentar suas tropas.

Apesar de muitas tradições pré-hispânicas terem sido abolidas com a Conquista, os povos nativos mesoamericanos, em especial no México, mantiveram um elaborado sistema pictográfico onde registravam sua história e crenças. Os frades espanhóis incentivaram a continuidade da prática numa tentativa de compreender a religião local e modificá-la. Cerca de 50 códices indígenas restaram da época colonial. A maioria foi levada à Europa, mas várias reproduções estão na exposição "A Conquista a sangue e fogo", no Museu de Antropologia da capital mexicana. À primeira vista simples e até influenciados pela estética europeia, a coleção de manuscritos vale mais pelo significado.

- Os códices não eram só um registro da época, mas também agenda política de como as comunidades indígenas poderiam inserir-se na Nova Espanha. Pintar significava existir - afirma Diana Magaloni, diretora do Museu de Antropologia.

É o caso do Códice Florentino, crônica de toda a Conquista e mais importante fonte do passado pré-hispânico no altiplano central mexicano. Mantido em Florença e escrito em língua náhuatl, ele foi organizado pelo frade Bernardino de Sahagún com toda a estrutura religiosa e os deuses venerados pelos nahuas pré-hispânicos, grupo étnico que falava náhuatl. Já no Códice de Huexotzinco (1531), os indígenas reproduziram os impostos que eram obrigados a pagar, principalmente ouro, além de algodão, milho, cacau etc. Sem o tributo, eram castigados, queimados ou mortos por cachorros treinados para persegui-los.

- Esses documentos chegaram a ser apresentados em tribunais espanhóis como prova da exploração dos conquistadores - conta González-Hermosillo, também curador.

Hoje, 6,7 milhões de mexicanos, menos de 7% da população, sabem alguma língua indígena. O Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi) registra 89 línguas indígenas no país, das quais nove são faladas por menos de uma dezena de pessoas e outras dez línguas por menos de uma centena.

- Existem iniciativas isoladas de evitar sua extinção. Já da gastronomia pré-hispânica, muito se perdeu, embora a tortilha se mantenha como emblema nacional - conta González-Hermosillo. - Em alguns lugares, como Chiapas, a presença das divindades agrícolas pré-hispânicas ainda é forte. Ali se venera a deusa do milho ao lado de uma imagem de Cristo.

Apesar de não apagar as atrocidades da Conquista, essas reminiscências, além das várias zonas arqueológicas que persistem, mantêm viva a história asteca. Já Cortés terminou repreendido pela Coroa espanhola por sua violência, longe do prestígio de um tlatoani.

Fonte: http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/09/02/o-fim-dos-astecas-na-visao-indigena-925278764.asp#ixzz1Xwtzf1AS
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Construindo um Império - Os Maias

Documentário do History Channel acerca do Império Maia. Dividido em cinco partes no youtube:


Sinopse:

No passado, poderosos impérios foram forjados do nada, até adquirirem grande poder. Junte-se a Peter Weller, ator e professor da Universidade de Syracuse enquanto ele viaja pelo mundo para mostrar os feitos de engenharia que levaram a ascensão de algumas das maiores civilizações conhecidas pelo homem. De Roma ao Egito dos faraos, da Grécia a Cartago, dos Astecas aos Maias e mais, este programa do History Channel usa técnicas de computação gráfica para explorar a arquitetura, a política e a glória cultural dos maiores impérios do mundo.


Episódio - Os Maias:

O império Maia guarda grandes mistérios que serão revelados neste episódio. Entre os anos 250 e 900 DC construíram altas pirâmides e palácios para honrar a seus deuses, sem a ajuda de metal, animais de carga e nem sequer da roda.